Estudo de caso - ARC / KOICHI TAKADA ARCHITECTS
- Voxel Arquitetura
- 9 de set. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de set. de 2019

Informações gerais de projeto
Arquitetos: Koichi Takada Architects
Localização: 161 Clarence St, Sydney NSW 2000, Austrália
Área: 17400 m²
Ano do projeto: 2018
Fotografias: Tom Ferguson Photography, Martin Siegner
Construtor: Hutchinson Builders
Engenheiro de Fachada: Inhabit/Surface Design
Engenheiro de Fachada em Alvenaria: AECOM (Brick)
Especialização em Alvenaria: Favetti
Consultor: Van Der Meer Consulting
Trata-se de uma torre que une o antigo e o novo. São 26 pavimentos que comportam diferentes usos, são 135 unidades residenciais, 86 quartos de hotel, 8 espaços comerciais, além de 8 pavimentos no embasamento do edifício dedicados ao comércio.
Contexto histórico e geográfico
Localizado próximo ao porto da cidade de Sydney - Austrália em uma área histórica do distrito central de negócios da cidade, o projeto se implanta em uma quadra adensada onde se misturam os edifícios novos – todos de metal e vidro – e edifícios históricos da área central e portuária da cidade, todos de materialidades bastante distintas das novas arquiteturas implantadas no local.


O novo edifício proposto por Koichi Takada é próximo a dois edifícios históricos da cidade, o Edifício da Cruz Vermelha e o Armazém Andrew Bros, ambos de alvenaria e com gabaritos baixos se comparados com as torres modernas do entorno.
Ademais, no centro do terreno onde se implanta o projeto existe a Skitle Lane, uma via pedonal histórica dos anos 80, acessível ao público, que corta o quarteirão e é incorporada e reativada pelo projeto.

Relação com o entorno
“Se tornou uma decisão consciente coroar o edifício com uma característica que se relaciona com a maneira que as pessoas percebem Sydney” - Koichi Takada
Inserido em uma área histórica já bastante modificada pelos arranha-céus modernos o novo edifício de usos múltiplos consegue se fazer sensível às duas escalas que o circundam. A escala dos edifícios históricos e a escala das torres de aço.
Em um primeiro momento, o edifício se separa em duas partes, duas torres que são cortadas no centro por uma via pedonal histórica da cidade e que, ao ser incorporada pelo projeto, ganha vida novamente e permite uma maior acessibilidade aos pedestres que passam pelo local.

Uma segunda característica marcante de reconhecimento do entorno são as fachadas, nas duas ruas para as quais o edifício faz frente as fachadas são configuradas por arcadas de alvenaria que conversam com a escala dos edifícios imediatamente vizinhos e garantem uma materialidade que conserva a característica desses edifícios históricos.
Já nas torres, os 26 pavimentos que as compõem são de aço e vidro, conversando com a outra escala do entorno, a dos arranha-céus modernos. Desse modo, se o observador está em um voo sobre a cidade e seu sentido percebe os arranha-céus e torres modernas, o novo projeto está de total acordo com essa materialidade e escala, já quando o observador se torna um pedestre e caminha pelas ruas histórias do porto de Sydney o edifício de aço e vidro passa despercebido ao se camuflar atrás da materialidade de suas fachadas, compatível com os edifícios históricos do local.
Além disso os arcos são a expressão formal adotada tanto pelas torres quanto pelas fachadas de alvenaria e isso é uma relação direta com a cidade, os arquitetos afirmam: “Tudo o que se vê em Sydney é bastante feminino, curvilíneo. Nós deveríamos nos conectar com isso.”


Outro conceito importante de relação com a cidade é a cobertura livre das torres. Ambas as torres possuem em sua cobertura um espaço de estar, acessível a todos e que emoldura uma bela vista da cidade de Sydney. O espaço da cobertura fica melhor aproveitado dessa maneira, não se tornando exclusivo de um uso restritivo aos visitantes.


Estrutura e materiais utilizados
A estrutura do edifício é metálica e as vedações são, hora vidro, hora chapas metálicas. A fachada, elemento marcante do projeto, e criadora da principal relação deste com a cidade, é feita de tijolos cozidos.

Carta solar

A pior fachada é a fachada Sudoeste (com exceção de verão) e Fachada Noroeste, pois o sol inside toda a tarde no ano todo. A fachada mais privilegiada é a fachada Nordeste, pois o sol só inside na parte de manhã o ano todo; e a Fachada sudeste, pois quase não inside o sol.
Plantas




Orientação solar e iluminação
O principal elemento de iluminação natural do edifício é um pequeno átrio que perpassa todos os pavimentos do embasamento das torres. Ademais o vidro recobre as fachadas longitudinais das torres. A iluminação artificial, além de complementar a natural, onde necessário, é responsável por dar vida ao edifício a noite, iluminando seus arcos e garantindo que ele se destaque na paisagem de Sydney.


Conclusões
O edifício Arc, por Koichi Takada é um exemplar da boa arquitetura sensível a seu local de implantação, o edifício se relaciona de tal modo com seu entorno que não parece novidade, se insere na paisagem da cidade como se por ali já estivesse a bastante tempo. A principio isso pode fazer parecer, em certo nível, que falta personalidade ao projeto arquitetônico, mas é exatamente a simplicidade das formas e das ideias propostas que, ao olhar atento, se mostra genial. O edifício consegue conciliar suas duas escalas conflitantes, a local, dos edifícios históricos, e a dos arranha-céus. Ao incorporar a via pedonal em seu programa ele dá nova vida a essa parte histórica da cidade e garante um fluxo constante e positivo para o empreendimento. Elevar um espaço de convívio para a cobertura também demonstra a sensibilidade dos projetistas em querer conectar a cidade com seus usuários. Em suma, ao se conectar com seu local de implantação o edifício herda suas principais qualidades dessa parte da cidade de Sydney tão cheia de história. O edifício já nasce com raízes profundas na cidade.
Referências:
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